Por onde começar? Alguém tem alguma sugestão?
Tens um autor preferido? Um livro preferido? Vários autores? Vários livros?
Qual é tua/nossa capacidade de leitura? Quantos livros podemos ler ao longo de nossa vida? Um? Uns poucos? Vários? Muitos?
Para começar, pode-se dizer que a leitura é um hábito a ser desenvolvido. Mesmo que não o tenhamos adquirido em nossa infância, o hábito da leitura é como outro qualquer, depende de um pequeno esforço diário. Uma escolha. Uma escolha que pode nos trazer enorme alegria, uma escolha que normalmente nos coloca em contato com um mundo de belezas muito mais impressionantes do que jamais podemos perceber absorvidos na rotina de nossos dias. Quem tem muita resistência, pode começar dedicando não mais do que cinco minutos diários. Mas de forma decidida, honrando a decisão. Sem criar desculpas para não cumprir a tarefa. Logo, logo, com a escolha certa, vai se perceber querendo mais, dando mais. E, é claro, recebendo muito, muito mais.
É importante que busquemos começar com livros que tratem de assuntos que nos interessam e que, ao despertarem nossa curiosidade, prendam a atenção. Estes, sem dúvida, logo vão revelar aspectos desconhecidos de nós mesmos. Seja pela forma como foram escritos, seja pela riqueza de detalhes, se isso nos chama a atenção, seja pela nobreza de seus personagens, seja pela beleza das imagens que o texto evoca, seja porque tratam da "verdadeira" história de alguém que viveu, ou vive, neste mundo, como nas biografias, ou autobiografias, ou nos livros de história, ou de reportagens, ou de viagens. Enfim, às vezes basta uma frase para nos prender a um livro e nos fazer querer continuar a leitura sem interrupções - o que nem sempre é possível. Outras, é o comentário de alguém, que leu e gostou. Outras ainda, é a indicação de alguém cuja opinião nos é cara. E, em alguns casos, existe também a necessidade, para a atualização profissional, para se atender a um currículo de estudo, para se completar um curso, ou para se esgotar determinado assunto.
No meu caso, apenas para ilustrar, comecei a ler desde pequeno, acho que aos quatro ou cinco anos já estava alfabetizado. Mas, inicialmente, lia apenas aquelas coisas da escola, as lições, a "cartilha", da qual nem me lembro. Creio que a partir dos oito ou nove, até antes talvez, comecei a ler gibis - gosto de quadrinhos até hoje - e revistas de fotonovelas. Alguém lembra das revistas Capricho, Ilusão, Noturno, Grande Hotel, entre outras? Minha avó materna costumava ler e meus tios, mais velhos, compravam regularmente os títulos disponíveis nas bancas para ela. Pelo que me lembro, era seu único hobby, além do de escutar, nas madrugadas, desde muito antes das seis horas da manhã, as estações de rádio de São Paulo, que transmitiam programas com música sertaneja. Houve um tempo em que o rádio também transmitia as famosas radionovelas, que tinham uma audiência enorme. Houve também um período em que eu lia todos aqueles livrinhos, do tipo livro de bolso, com historinhas do Velho Oeste e de espionagem, além de uns poucos que faziam parte das exigências da escola. À época da faculdade, lia bastante por exigência do curso de Letras e, depois, houve também um tempo em que, ocupado com uma atividade comercial, lia apenas esporadicamente. De uns quinze anos para cá, porém, retomei o hábito com vontade. Para ler algo como dois ou três livros por mês. Às vezes mais, às vezes menos. Ainda a título de curiosidade, leio, há muitos anos, sempre mais de um livro ao mesmo tempo. Porque, dependendo de uma série de fatores, há sempre um que "casa" com o estado de espírito de um determinado momento e outro - ou outros - que podem ser abertos para atender a estados diferentes. Por exemplo, às vezes, o dia pede que leiamos uma poesia. Ou várias. De um mesmo autor. Ou não.
Às vezes, estamos mais "filosóficos", então é outro tipo de leitura que cabe. Outras, precisamos alegrar o espírito, vamos ler então textos mais leves, bem-humorados, irreverentes. E assim por diante.
Finalizando esta introdução, vou usar apenas uma citação de um grande pensador do passado, Erasmo [não o parceiro do Roberto], que revela sua paixão pelos livros na frase seguinte: "Quando consigo um pouquinho de dinheiro, compro livros; e se sobrar algum compro comida e roupas".
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