terça-feira, 5 de maio de 2009

Onde fica a felicidade?

E acabou abril também. Nem li o livro do Hautom que sugeri como leitura para março, tampouco voltei a O Leitor, como havia dito que faria. Mas há uma razão para tanto. Para dizer o que eu queria, precisava ter o livro [O Leitor] em mãos. E minha mulher o levou em uma viagem, emprestou-o à irmã, e não o trouxe de volta.

Entretanto, tenho anotado um trecho. Trata de algumas perguntas que o personagem principal do livro faz de si para si [e, por consequência, para quem o lê, é claro], a respeito das quais acho que vale a pena dedicar um momento de reflexão. Reproduzo-o abaixo.

"Será porque aquilo que foi belo se torna frágil para nós em retrospectiva, por esconder verdades sombrias? Por que a lembrança de anos felizes de casamento se estraga quando se revela que o outro tinha um amante durante todos aqueles anos? Será porque não se pode ser feliz em tal situação? Mas a pessoa era feliz! Às vezes a lembrança não é fiel à felicidade quando o fim foi doloroso. Será porque a felicidade só vale quando permanece para sempre? Será porque só pode terminar dolorosamente o que foi doloroso de modo inconsciente e invisível? Mas o que é uma dor inconsciente e invisível?" [pp. 45-6]

Vocês não acham que vale a pena pensar acerca desta questões? Já lhes ocorreu algo parecido? Têm exemplos pessoais? Ou conhecem pessoas que pensem de modo parecido?

Comentem, por favor. À vontade.

2 comentários:

  1. Moisés, estas questões são interessantíssimas, eu nunca pensado desta forma (para isso é que existem os escritores e os poetas), de facto a felicidade é um conceito, e como tal muito relativo. Há uma felicidade aparente e uma infecidade aparente. Neste caso parece-me uma infecidade aparente, pois se a pessoa na ignorancia era feliz, só deixou de o ser quando teve acesso à verdade.

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  2. Na verdade, o que me parece causar nossa infelicidade é apenas a ideia de que podemos, de algum modo, em algum tempo, ser donos de alguém. Isto é, se e quando mantemos um relacionamento com alguém, desejamos que a pessoa seja exclusivamente nossa, que não tenha vínculo algum com mais ninguém. A isso não se chama insegurança?
    Lembro-me de uma história que li certa vez a respeito de um homem que, para responder o quanto gostava de sua namorada, disse que gostava tanto dela quanto gostava do mundo inteiro. Ao que ela reagiu da forma mais egoísta possível, chamando a atenção dele para o fato de que, para ela, como de resto para a maior parte das pessoas no mundo, gostar daquela maneira não significava nada. O certo ela era ser considerada especial, única. Isso era o que ele acreditava estar fazendo, ao devotar a ela o mesmo amor que dedicava às pessoas do mundo inteiro, num modo de afeto que, apesar de incluir o mundo inteiro, era dedicado apenas a ela, quando eles estavam juntos. É claro que o relacionamento dos dois não durou muito a partir de então.
    Um professor que tive disse certa vez que quanto menos sabemos, mais perto da felicidade estamos. O que, para mim, significa dizer não que a ignorância é sinônimo de felicidade, mas que o saber, a sabedoria, que pode nos pôr em contato com a felicidade é aquele que reconhece que quanto mais sabemos mais sabemos o quanto não sabemos. Ou será que aqueles que pensam saber tudo e ser os donos da verdade são, de fato, felizes?

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Caros, caras, os comentários às postagens são bem-vindos. Apenas lhes peço a paciência de me permitirem revisar a pertinência do comentário com a postagem e a ortografia. Agradeço por sugestões de leituras, perguntas e informações que enriqueçam a Sala. Obrigado.