Março acabou e minha sugestão de leitura, aparentemente, foi infrutífera. Ou será que alguém o leu? Eu mesmo não li o livro que sugeri, apesar de o ter separado da estante e de tê-lo mantido entre os que manuseio todos os dias. Por isso vou manter o título em aberto. Quem sabe conseguimos lê-lo em abril? Ou alguém tem uma sugestão de maior urgência. Algo absolutamente imperdível e necessário para ajudar na travessia da crise que se apresenta no mundo?
É certo que não li o Hatoum e seu Relato de um Certo Oriente, mas li outras coisas e é sobre isso que gostaria de falar um pouquinho. Logo no dia primeiro de abril, e não é mentira, após um encontro de todas as quartas, em que se fala a respeito da obra de Guimarães Rosa, no IEB, na USP, li um conto dele, do Tutaméia. Simplesmente maravilhoso. Tanto pela forma de contar quanto pela linguagem escolhida ou pela ideia subjacente ao texto. O resultado é fantástico em todos os sentidos, eu diria. Aconselho. O conto se chama Se Eu Seria Personagem e começa assim, apenas para vocês terem uma ideia. E para ficarem roxos de curiosidade:
"Note-se e medite-se. Para mim mesmo, sou anônimo; o mais fundo de meus pensamentos não entende minhas palavras; só sabemos de nós mesmos com muita confusão." E logo adiante: "Onde há uma borboleta, está pronta a paisagem?" Ou: "O futuro são respostas".
Ao mesmo tempo em que leio o Tutaméia, leio ainda um livro de Harold Bloom, escrito em 1992, no qual ele trata de sua busca espiritual pessoal, relacionando intimamente entre si, apesar de separadas, as buscas da possibilidade de conhecer-se a si mesmo, de conhecer Shakespeare e de conhecer Deus. Diz ele que, citando Ralph Waldo Emerson, "se nos buscamos fora de nós mesmos, encontraremos a catástrofe, erótica ou ideológica". E, citando Blake, "buscar Deus fora do eu é cortejar os desastres do dogma, a corrupção institucional, a malfeitoria histórica e a crueldade". Ah, a propósito o livro se chama Presságios do Milênio e tem como subtítulo Anjos, Sonhos e Imortalidade.
Também leio um livro muito interessante chamado Reflections on the Art of Living - A Joseph Campbell Companion, Selected and Edited by Diane K. Osbon. Isto traduzido seria algo como Reflexões sobre a Arte de Viver - Um Manual de Joseph Campbell. Seleção e edição de Diane K. Osbon. Ao começar a leitura fiquei muito interessado e curioso, estimulado mesmo pela possibilidade de traduzir, quem sabe, um título com material do famoso mitólogo ainda não editado em português, por não encontrar nada a respeito da pessoa que fez a seleção. Uma semana ou duas depois, para minha surpresa, encontrei, em um sebo na Lapa, um livro publicado pela editora Gaia, com a autoria de Joseph Campbell, intitulado Reflexões Sobre a Arte de Viver, seleção e edição de Diane K. Osbon. O dito cujo. Enfim...
Mas não era sobre isso que eu queria falar quando comecei estes relatos... Pensava mesmo era em comentar a respeito d'O Leitor, o livro de Bernhard Schlink, que serviu de roteiro para o filme de mesmo nome, que rendeu mais um Oscar a Kate Winslet. Eu o li durante o final de semana deste feriado de Páscoa. E vale a pena. Não vi o filme ainda, mas o livro é uma aula de bem escrever, sem desperdiçar uma palavra sequer. Um texto enxutíssimo e, eu diria, muito bem traduzido. Apesar de eu não saber alemão, entendo bem as armadilhas da tradução e nem de longe imagino o trabalho que deve ter tido Pedro Süssekind para ser fiel à concisão do autor em sua língua original, vertendo-a para uma língua tão exuberante quanto o português, evitando o risco de usar palavras demais.
Creio que mesmo quem assistiu ao filme deve ler o livro. Mas vou falar dele novamente em breve.
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