Olá!
Aqui vamos nós novamente!
Falemos um pouco mais de livros e leituras.
Um pequeno parêntese antes, que também tem a ver com o assunto...
Não sei [sei que não, na verdade] se já lhes falei que tenho uma livraria virtual. Está hospedada no site da estante virtual, um site administrado pelo Magazine Luiza, que já pertenceu à Livraria Cultura, depois que seu fundador o vendeu. Lá ponho à venda alguns livros de minha biblioteca e outros adquiridos de terceiros ou recebidos como doação ou de parceiros que querem vender alguns de seus livros.
Os títulos que disponho para a venda no site estão lá porque já não me interessam, ou porque tratam de assuntos outros diferentes daqueles de que me ocupo, ou ainda para colocar à disposição de quem queira alguns títulos que já não são mais editados, raros ou curiosos, ou para facilitar o acesso a livros, por preços melhores do que os novos saídos das editoras e em exposição para venda em livrarias físicas.
Para quem se interessar, ela se chama Biblioterapia Livros e pode ser acessada no seguinte link:
https://www.estantevirtual.com.br/livreiros/biblioterapia
Mas não era disso que eu queria falar. E sim de livros e de leituras, repetindo. Aliás, o propósito para o surgimento desta sala.
Li há pouco um livro, pequeno mas delicioso. Trata-se de "Caligrafias", de Adriana Lisboa.
Nele, Adriana publica o que chama de pequenas narrativas, escritas no período entre 1996 e 2004. O livro é ainda ilustrado com desenhos a nanquim, se não estou enganado, de Gianguido Bonfanti.
É um pequeno livro, com pequenas narrativas que estão mais para poesia em prosa do que para outra forma de literatura. São textos lindos. Emocionantes. Vale muito a pena ler.
Um pequeno trecho, extraído de um texto com o título Saudade:
"A segunda-feira vazara do domingo como se fosse sobra, como se não tivesse o direito de existir dia autônomo."
E outro, de Geografia ( aqui eu o reeditei em formato de poesia):
"Na chapada tudo é grande.
O céu só termina
quando o seu olhar desiste,
ou quando a miopia te vence.
Caminhe o dia inteiro
e confira no mapa:
Você só cobriu o espaço
que basta ao seu cansaço."
O que acham?
Os dois últimos textos no livro têm, ambos, o título Eternidade e são absolutamente sensacionais, merecedores, sem dúvida, de uma reflexão que dure pelo menos... uma eternidade.
Esta foi uma de minhas primeiras leituras deste 2024.
Encerrei o ano de 2023, com o fim da leitura de um livro do poeta gaúcho Mario Quintana, intitulado "Porta Giratória", ao qual também acredito valer a visita.
Óbvio é que não há mais o que se dizer da escrita de Quintana, quer de sua poesia, quer de sua prosa. Este não é um livro de poesia, apesar de estar recheado dela de ponta a ponta, ou de ponto a ponto. Uma delícia de se ler, daqueles livros que a pessoa abre em qualquer página e encontra uma boa nota para se harmonizar ao momento que vive, seja ele qual for.
Por exemplo, ao falar da poesia como Instrumento, ele diz:
"O encantado espanto que senti quando fiz a primeira poesia ainda perdura até hoje: jamais me esquecerei daquele inábil, daquele medroso toque no instrumento desconhecido... E - até hoje - este receio de uma nota em falso!"
Ou então, ao falar da diferença entre um poeta e um louco:
"A diferença entre um poeta e um louco é que o poeta sabe que é louco... Porque a poesia é uma loucura lúcida."
E para não me estender muito nesta conversa, que espero não chateie ninguém, vou só citar um pequeno grande livro que li entre o finalzinho de 23 e o início de 24. "o lavrador de ipanema", do cronista Rubem Braga, um presente de uma amiga querida. O pequeno volume, de edição limitada e muito bonita, reúne as "crônicas de amor à natureza", numa seleção feita no capricho por Januária Cristina Alves e Leusa Araújo. Um livro para se ler como quem saboreia o líquido mais precioso degustando gole a gole. Ou a melhor sobremesa, ou o fruto favorito maduro e saboroso.
É isso por hoje. Até a próxima. Em breve.